Com o propósito de atingir uma criação com maior espontaneidade no teatro, as peças que utilizam este artifício simulam uma improvisação. Assim como, na música, os instrumentistas e cantores podem improvisar com liberdade em suas apresentações, no teatro de improvisação, os atores e atrizes agem de forma a inventar uma história.

Na história mundial do teatro, uma das peças de improvisação mais famosas chama-se L' Improm de Versalles, em português, O Improviso de Versalhes. De autoria de Moilère, a peça foi uma das pioneiras a utilizar o artifício da improvisação. A obra é citada como influência de autores contemporâneos e seu modelo é bastante utilizado como base para peças de improviso. Em meados do século XX, o gênero reaparece em uma obra de Pirandello, Esta Noite se Representa do Improviso, feita em 1920.

Por se tratar de um gênero que se refere a si mesmo, o improviso tem como características principais: aprofundamento nos limites da criação e maior envolvimento ao ator na ação. Além destes elementos, o improviso é considerado um recurso de interpretação que demonstra a espontaneidade do ator nas ações dramáticas. Um exemplo geralmente apontado para se referir ao teatro improvisado é a Commedia Dell’Arte. Porém, nesta obra, há um personagem fixo que encena com improvisações. Desta forma, a improvisação é apenas aparente.

Apesar de a improvisação ser considerada uma das bases do psicodrama, *terapia de grupo em que pacientes improvisam cenas dramáticas que serão analisadas em conjunto (*iDicionário Aulete), em uma ferramenta de extrema importância para a educação artística, as experiência mais significativas feitas com tal artifício foram criadas na vanguarda teatral dos EUA durante os anos 60.

Um dos aspectos mais interessantes na improvisação está na invenção de algo inesperado, que se manifesta no calor da ação. Existem vários graus de improviso, que englobam o jogo dramático, feito a partir de uma senha ou tema, a desconstrução verbal e a invenção gestual.

De acordo com Sandra Chacra, no livro Natureza e Sentido da Improvisação Teatral (Perspectiva, 1991), “a improvisação tem uma história longa, tão antiga como a do homem. Ela vem desde as épocas primitivas perdurando como manifestação até o presente. Todas as formas de arte tiveram uma de suas origens na improvisação. O canto, a dança e os rituais primitivos assumiam formas dramáticas num jogo em que um dos pólos é a atualidade improvisada”.


Texto de Felipe Araújo